terça-feira, 8 de maio de 2012

Viagem a Macchu Picchu


Eu adoro contar histórias. Essa entrou em um livro chamado "Além do Giz" uma coletânea de poemas, contos e crônicas dos professores da rede municipal de ensino de Porto Alegre.

PASTA, POJO I ...
Era minha primeira viagem. E logo internacional! Iria fazer a Trilha Inca até a cidade peruana de Machu Picchu. Saímos 6 horas da manhã de Porto Alegre com parada à tarde em Uruguaiana, cruzamos a fronteira e ao anoitecer, paramos para a janta, minha primeira refeição em outro país. Era um restaurante pequeno na beira da estrada em algum lugar entre Paraná e Santa Fé na Argentina.Nos sentamos em pequenos grupos nas mesas. O guia nos instruiu para esperarmos que ele ajudaria, a cada grupo, fazer seu pedido. Logo na primeira mesa vimos que a coisa não iria dar muito certo. Quase 10 minutos para decidirem o pedido. Se fosse esta média de tempo por mesa, ao chegar a nossa vez já seria hora de partir. Decidimos pela autonomia, chamaríamos o garçom e nós mesmas faríamos o pedido, o único detalhe é que nenhuma das três falava espanhol... um mero detalhe! Mas eu achei que afinal não poderia ser tão difícil assim: era apenas uma simples massa com galinha e arroz.Veio o garçom e aí começou o que poderíamos chamar de comédia pastelão! Começamos pela massa: - Queremos massa! E o garçom com aquele ar de quem não tava entendendo nada. - Massa, com molho, ficamos repetindo e repetindo (quem sabe a repetição pode levar ao entendimento). Funcionou, de repente pareceu entender e com ar superior pronunciou: - “Pasta ao sugo”. Nós olhamos com aquela cara de “ah anota aí”. Bom, pro resto da viagem já saberíamos ao menos pedir massa. Próximo roud: a galinha. Tentamos de tudo: galinha, frango, galeto, mais algumas mímicas e nem um ar de compreensão. Até que, pra encerrar, o assunto coloquei os braços em forma de asa sacudi e soltei um - có có ró có ! Talvez um pouco alto demais, já que praticamente todo o restaurante nos olhou e soltou uma gargalhada. Fora o ar de censura e espanto que me lançou o guia. Apesar do olhar de deboche que o garçom me olhou, ele entendeu. E entre um meio sorriso disse: - Pojo!, Bom, mais uma palavra. Meus futuros almoços e jantares estavam garantidos: pasta ao sugo com pojo. Faltava apenas o arroz para complementar. Aí nem tentei falar em português, parti pra tentativa descritiva acompanhada de um sofrível portunhol. Juntei os dedos polegar e indicador e soltei: - pequeño, blanco! e mostrava os dedos, - Mui pequeñino, blanquito! Depois de mais umas tentativas eis que outro garçom passa por nós levando alguns pratos, sendo um de arroz. Aponto eufórica e digo : aquilo. Ele me olha com aquela cara que só argentino sabe fazer e diz segurando a gargalhada: -ARROZ!



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